quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Uma linda história de amor


Quando nos olhamos nos olhos nosso amor é evidente. Não precisamos sequer dizer uma palavra um ao outro...simplesmente sabemos.

Ensinamos e aprendemos um com o outro, em diferentes momentos de nossas vidas, e ainda que dependendo um do outro, sempre estivemos presentes.

Recentemente, num momento de intimidade, tomamos banho juntos. Aliás, sempre tomamos. E faço carinho em seu rosto, seus braços, suas costas...

Às vezes ele me agride verbalmente, mas isso não acontece por maldade e sim por defesa e até ingenuidade.
Já cobrei muito dele, hoje, mais madura, entendo que preciso devolver seu afeto.

Não estou falando de meu marido ou de um namorado. Estou falando de meu pai, um senhor de 77 anos que sofre há cerca de 10 de doença de pick, um tipo de deterioração cerebral que atinge 0,4% dos casos de demência senil.

Já passei por todos os estágios: de entrar em pânico, pensar em interná-lo para ter cuidados específicos e coisa e tal até o estado em que estou hoje, amando-o mais do que nunca e curtindo esse que tem sido um aprendizado para toda a família.

Ele já não fala conosco. Das reações que têm, algumas são sorrisos outras são músicas antigas que canta ou assovia (trechos), às vezes escreve seu próprio nome ou lê, mas por se tratar de uma doença degenerativa de evolução rápida nada pode se perder com ele. Cada sorriso, cada palavra, cada gesto valem por um milhão.
Estar com ele é sempre como se fosse a última vez e zelar por sua felicidade tem sido nossa batalha diária.

Ele nos ensina muitas coisas, a começar pela lição básica “valorizar as coisas simples”, como um abraço, um momento de carinho. Cada beijo dele é para mim um presente de Deus. Outro aprendizado tem sido “curtir o momento presente” não adiar nada! E que ser “solidário” começa dentro da sua casa.

Enfim, pai, você fortificou em mim a certeza que só o amor é relevante, o sentimento puro de amor ao próximo mais próximo, estendendo esse sentimento para todos ao meu redor.


Te amo. E sei que você sabe.

Um comentário:

  1. Oi Andréia, chorei aqui... não sei o que é passar por algo assim, mas sei o que é querer aproveitar cada segundo da presença de alguém e ter plena satisfação com isso. Está na minha lista de pedidos em oração, que seja um sopro suave e que traga só coisas boas esta fase para você e seu pai.

    Marcelo Guernieri

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