Quando escolhi adotar
uma criança decidi, também, contar para as pessoas sempre que surgisse o
assunto ou uma oportunidade. Respondi a muitas perguntas, mas a mais comum,
presente em 99% das conversas era: “mas você não pode ter?”
Essa pergunta é tão,
mas tão indelicada, que passei dois anos e meio pensando em uma boa resposta
para ela, só tinha um problema: tinha que ser uma resposta que eu realmente acreditava.
Recentemente, há
poucos dias mesmo, me fizeram a pergunta outra vez:
- Mas Andreia, você
não pode ter?
Então respondi:
- Sim, eu posso, tanto
posso como tenho uma filha.
Toda pessoa que queira
assumir o papel de mãe pode ter um filho. Ter um filho não é ‘gerar’, somente.
Ter um filho é estar capacitado a amar, a doar-se. Obviamente a boa vontade nem
sempre vem ao encontro da eficiência, quer dizer, saber amar é um processo
diário, que inclui muitas decepções.
Mas, com certeza, o
fato de não gerar uma criança não precisa ser motivo de frustração. Nenhuma mãe
(ou pai) é menos pai porque não estão fazendo a produção biológica. Pode
perguntar a qualquer pai ou mãe: Pessoal, o que é mais difícil fazer um bebê ou
educar?
Bom, você sabe a
resposta.
Não gerei minha filha,
por muitas razões que só pertencem a nós, mas a mais legal delas é que
escolhemos a adoção com muita tranquilidade. Antes a pergunta ‘você não pode
ter’ me magoava, no fundo. Magoa porque somos imperfeitos, porque mexe com
nosso orgulho e com todas as nossas minhocas, como a insegurança: a sensação de
incapacidade. Gente, que bobagem. Ser mãe é tão grande, tão precioso, que não
há com o que se ofender.
As pessoas são
curiosas e por isso perguntam; só por isso. Cabe a nós adotar a resposta certa
para cada um de nós, que sirva como uma luva.
Eu me sinto plena,
maravilhosa, nunca fui tão poderosa e mulher. Porque estou cheia de amor.
A resposta certa então, para mim, é: sim, eu posso.
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