domingo, 24 de julho de 2011

Restituindo a glória - Masculino Femino



por Josemir Medeiros

            A cena é de Superman, o filme. O super herói voa velozmente ao redor da Terra para mudar a rotação do planeta e assim fazer o tempo voltar para que sua amada, Lois Lane, não morra num acidente de trem. Lindo, dirão alguns, balela, gritarão outros, machista, decretarão outros e outras mais radicais (afinal de contas quem o homem pensa que é?), poético suspirarão alguns, metafórico analisarão uns poucos.

Na verdade, não importa qual dessas reflexões seja a mais acertada. Eu, particularmente, prefiro a versão cantada pelo poeta Gil. “Quem sabe, o Super homem venha nos restituir a glória, mudando como um Deus o curso da história por causa da mulher”.

            Do alto dos meus 52 anos vividos com vontade, entro, a convite da minha querida companheira de Quixotices, Andréia Porto, nessa troca de textos, idéias, suspeitas e convicções sobre o masculino e o feminino. Essa discussão ancestral que avança e recua ao sabor dos tempos.

            Por falar nisso, eu sou de um tempo antigo, aquele em que homem gostava era de mulher e antes que os defensores do politicamente correto comecem o apedrejamento, é bom esclarecer que esse “gostar de mulher” nada tem a ver com a orientação sexual de ninguém, sim porque é possível gostar de mulher sem quere-las na cama, da mesma forma que é possível ser um carrasco feminino com a cama cheia delas.

            Gostar de mulher é se render aos seus encantos, é entender o protagonismo dessas moças, é reconhecer-lhes a força mascarada de doce fragilidade, a doçura do olhar, o enlouquecer do andar, o poder demolidor de um sorriso, o talento para cuidar, liderar e decidir e até mesmo a incrível, extraordinária, capacidade de encontrar coisas guardadas nos lugares óbvios, habilidade que nós, homens, precisaríamos de várias encarnações desenvolver.
            Gostar de mulher é entender que elas falam mesmo e que aos homens cabe a suprema sabedoria de saber ouvi-las e, é claro, prestar bem atenção, para poder fazer uma ou outra intervenção, rápida, sucinta e razoavelmente inteligente.

            Gostar de mulher é compreender a completude que existe nessa relação. O yin e o yang. Gostar de mulher é desprezar antagonismos e abominar a dominação. Homem que gosta de mulher deseja, como um Deus, mudar o curso da história por causa delas porque sabe o quanto é importante caminhar ao lado, nunca à frente e como essa história fica mais triste sem elas.

            Homem que não gosta de mulher, independente de quem prefere ter na cama, não reconhece o valor, o talento, a graça, a luz, a importância, a doçura, a força e a lindeza da mulher. Aquele que não gosta de mulher é o mesmo que humilha, espanca, diminui, faz grosserias e teme aquela que, na mesa de trabalho ao lado, chefia ou, simplesmente, contribui com boas ou tolas idéias, como qualquer um. Aquele que não gosta de mulher tem a ilusão “de que ser homem bastaria e o mundo masculino tudo lhe daria..”

            Mulheres do meu Brasil varonil, como diria o extraordinário Zé Bonitinho, não se deixem levar pela competição sem sentido do mundo que se diz masculino, não percam sua graça, não deixem de cuidar de nós, não deixem de nos encantar, vistam mais saias, cruzem mais as pernas, quebrem mais nossos pescoços, sorriam mais, sejam mais leves, flutuem, se embebedem de poesia porque, assim como escreveu Vinicius em sua receita de mulher , todo homem que gosta de mulher deseja que ela “não deixe de ser nunca a eterna dançarina Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição.

Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável”.


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