quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O QUE HÁ DE FASCINANTE NOS REALITY SHOWS?

Na última terça-feira, Adriana foi eliminada do BBB 11. Fato EX-TRA-OR-DI-NA-RIO!
E quem é Adriana? Uma jovem aspirante a “modelo e atriz”, que ficou na casa com outro aspirante a “modelo”, lindo de morrer. É o que sabemos. Ou seja, não temos a menor ideia de quem seja ADRIANA e no que sua saída do programa muda alguma coisa para os telespectadores de TV aberta. Na verdade, programas como o Big Brother são fenômenos interessantes. De tão “trash” as pessoas não confessam que assistem, preferem “dar uma espiadinha”, já que estavam sem querer “zapeando”. Quando a audiência é baixa, o programa da Globo tem em média 16 milhões de espectadores num dia de eliminação, público considerado ruim se comparado às outras edições do programa. Dessas milhões de pessoas, raras são aquelas que vão admitir ver o programa todos os dias! O mercado publicitário sabe disso e o Big Brother fatura como nunca.
O namorado traído da ADRIANA, que nem sabemos quem é, está FUGINDO DOS PAPARAZZI! Pode? Isso porque o programa não dá audiência só para TV, mas para sites, revistas de fofoca, TV a cabo e até outras emissoras concorrentes.
O fato é que bisbilhotar a vida alheia, ver gente se dando mais mal do que bem e curtir uma sacanagem grupal, são prazeres antigos. Mas tente ver por esse ângulo: o Big Brother Brasil pode ser um observatório de comportamento social. Diferente das novelas, onde traição, intriga, manipulação e paixões são construídas, simuladas, no programa são 100 por cento reais! Na medida em que a trama se desenrola, as pessoas se mostram como são. E só aí o “jogo” vai ficando quente. Observar essas atitudes é como observar a vida como ela é, sem romance.
Outra característica importante do “jogo” é que ele é pautado em aspirações, já que os escolhidos buscam loucamente duas coisas: o dinheiro e a fama! E fazem qualquer negócio para conseguir. Fingem não jogar. Fingem se gostar. Fingem até fingir. Fingem sofrer. E como diria Fernando Pessoa “fingem tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”.
Corajoso mesmo é quem admite assistir ao Big Brother, ao invés de ver todos os dias um filme iraniano ou ler “O Mundo de Sofia”. Quem tem essa postura está muito seguro de seu nível cultural e não teme ser criticado publicamente por essa escolha tosca. Tive um professor de pós, autor de 60 livros, que entrava na sala de aula dizendo: “vocês viram o Big Brother ontem?”. Falava sobre o Max com a mesma naturalidade com que falava sobre Baudelaire.
Porque TV Aberta é isso, uma escolha, muitas vezes tosca. Nem sempre estamos dispostos a debater sobre a Guerra Fria ou sobre a Crise da Saúde Pública Americana. O documentário sobre as baleias em extinção não dá pra ver todo dia! De vez em quando um programa “trash”, como a eliminação da Adriana, pode ser divertido. Os conflitos do BBB 11 são os conflitos de todos nós: ambição, vaidade, inveja, sexo... É verdade que não é possível fazer desse hábito  um vício e ficar 24 horas no Pay Par View. Calma, é só um programa de TV!
E danem-se àqueles que julgam a cultura alheia baseados na superficialidade de assistir ou não ao BBB11. Aposto que também dão aquela espiadinha, escondida, contribuindo para audiência da Globo!
Sabe o que há de fascinante nos reality shows? Gente normal, atrás de se dar bem, por quem podemos nos apaixonar, nos identificar ou simplesmente nutrir horror. A vida real e suas histórias são fascinantes. Pessoas com defeitos e qualidades são fascinantes. E pra fechar, eu confesso: Daniel foi o líder da semana! E Diana beijou Maria, que beijou Wesley, que beijou Diana! Quer ver?

2 comentários:

  1. Oi, Andréia;)Adorei o texto.

    Me tranquilizei com o fato de que alguém também acha que não há problema algum mesclar BBB e filmes iranianos na TV hehehe. Eu me sinto assim com a música. Gosto de tanta coisa diferente que me sinto um E.T.

    E é engraçado: tem gente que fala mal de novela mas AMA seriados enlatados. Eu não vejo diferença alguma entre o fanatismo por um e por outro.

    E só uma nota pessoal: eu não consigo assistir BBB porque eu me irrito com as vozes dos participantes. É tão irritante quanto um dia normal na feira haha. Mas que seja feliz quem goste de assistir.

    Beijos e continue escrevendo:)

    Nívea

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  2. Andreia, que gostoso ler um pensamento teu... Que saudade de debater opiniões contigo... e eu assumo: ASSISTO SIM AO BIG BROTHER BRASIL... Desde a primeira edição e nunca tive vergonha de assumir. Com o passar dos anos minha visão pelo produto mudou. Quando comecei a assistir, era uma adolescente fascinado por tv. Hoje, não tão adolescente, continuo fascinado pela TV. Porém, agora, eu sei como é feito. E mais, fiz um reality show da mesma produtora de formatos que o BBB. Então, tenho uma nova visão pelo produto. Podemos passar horas e horas falando sobre isso. Minha opinião como telespectador, minha opinião como profissional da área, minha opinião dentro do pensamento coletivo, minha opinião sobre a opinião dos outros, minha opinião como pesquisador... Enfim, muitas opiniões que partem de um mesmo ponto inicial: ASSISTO SIM AO BIG BROTHER BRASIL! A propósito, hoje tem festa com Zezé di Camargo e Luciano na casa mais vigiada do Brasil... E viva a sociedade do consumo!

    Eduardo.Gaspar

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